A afrodescendência na Venezuela: entre o reconhecimento legal e a negligência político-social
Palavras-chave:
afrodescendência, discriminação racial, reconhecimento étnico, VenezuelaResumo
A Venezuela, apesar de ser um país multicultural e multiétnico, é tradicionalmente reconhecida, apenas, como um país de origem europeia; às vezes, aceita com apreensão sua herança indígena, mas nunca seu passado africano. Durante décadas, o país caribenho manteve uma política de migração que esteve de portas abertas para os provenientes da Europa e dos países europeizados da América do Sul, como Argentina, Chile e Uruguai, com o objetivo de branquear a população e avançar no processo de desafricanização da sociedade venezuelana. Esta narrativa foi acompanhada pela invisibilização sistemática das pessoas afrodescendentes na mídia, bem como, sua exclusão e sub-representação nos espaços educacionais, trabalhistas, políticos e culturais. Assim, o que este artigo se propõe a mostrar é que, com base nestes fatos, construiu-se uma narrativa na qual não havia população afrodescendente na Venezuela e a pequena população presente foi atribuída à migração indesejada de países como Colômbia, Haiti e República Dominicana. Esta perspectiva teve consequências a longo prazo, o que significou que a negação da afrodescendência se transformou em uma invisibilidade estatística, mas, também, em negligência política, social e jurídica, que continua a ser sofrida pela maioria.
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