As sociedades de controlo e a agitação dos corpos
Palavras-chave:
sociedades de controlo, corpo, subjetivação, psicanáliseResumo
Este trabalho propõe um entrecruzamento de duas perspetivas teóricas que abordam a problemática humana na contemporaneidade: a psicanálise e a tese de Gilles Deleuze sobre as sociedades de controlo. Estas caracterizam-se por impor aos sujeitos uma constante modificação de condutas, pensamentos, atitudes, etc., processo que Deleuze denomina “modulação” e que se opõe à “moldagem” disciplinar descrita por Foucault e não necessita do “encerramento” para funcionar. A vigilância exerce-se não sobre os corpos mas sobre a “informação”, com o próprio sujeito a participar ativamente na mesma. Argumentamos que esta fragilização das identificações em resultado destes modos de controlo provocam sofrimentos, angústias e novos sintomas tanto no corpo como nas subjetividades. A partir da psicanálise, proponho interrogar as respostas particular que tomam o “corpo” como suporte fundamental, especialmente nas modalidades de tatuagens e piercing. Para a psicanálise, o corpo é fundamental na constituição da subjetividade e cimento da sua arquitera. Reservatório nunca abandonado da carga libidinal e lugar em que se escreve o impossível de dizer. Constituem as tatuagens e os piercings modos de apropriação de um corpo sentido como única permanência num mundo atravessado pelo efémero? Serão uma “obra” pessoal irrepetível que tenta deter o extravio subjetivo? Ou, talvez, formas de tratar uma alegria vivida como invasiva, enigmática e fragmentadora? Eis algumas hipóteses que gostaria de colocar em discussão, com a esperança de que tenham ressonância noutros campos de investigação.
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