Interculturalidade neoliberal ou Neoliberalismo intercultural?
Palavras-chave:
interculturalidade, neoliberalismo, Educação Intercultural Bilingue, povos indígenasResumo
Importa, no presente artigo, abordar os múltiplos significados e usos atribuídos ao termo interculturalidade, entendendo-o como um objeto construído historicamente na trama de um complexo de relações políticas, económicas, sociais e culturais. A interculturalidade não é um conceito nem uma simples formulação interpretativa, antes referindo-se a “um postulado e uma maquinaria, um aparato discursivo” (Cavalcanti-Schiel, 2007) Partimos de um fato aparentemente paradoxal: durante os anos 90 do século XX, década da consolidação do poder financeiro mundial e durante a qual se produz a expansão do neoliberalismo como matriz económica e forma de governo provocadoras de crises, violência, fraturas graves em quase todos os países da região e formas de exclusão cada vez mais aberrantes, introduz-se ao mesmo tempo e de modo contraditório todo um conjunto de reformas, incluindo a nova redação da constituição na Argentina, que reposiciona o problema indígena e em particular o problema da educação, criando estratégias educativas (programas e projetos de Educação Intercultural Bilingue, ou EIB) apresentadas como capazes de contribuir para a superação da exclusão histórica e como reafirmação dos projetos etnopolíticos de alguns povos indígenas.
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